Síndrome de Tourette é um distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado
por tiques múltiplos, motores ou vocais, que persistem por mais de um
ano e geralmente se instalam na infância.
Na maioria das vezes, os tiques são de tipos diferentes e variam no
decorrer de uma semana ou de um mês para outro. Em geral, eles ocorrem
em ondas, com frequência e intensidade variáveis, pioram com o estresse,
são independentes dos problemas emocionais e podem estar associados a
sintomas obsessivo-compulsivos (TOC) e ao distúrbio de atenção e
hiperatividade (TDAH). É possível que existam fatores hereditários
comuns a essas três condições. A causa do transtorno ainda é
desconhecida.
Sintomas
Em 80% dos casos, os tiques motores são a manifestação inicial da
síndrome. Eles incluem piscar, franzir a testa, contrair os músculos da
face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos abdominais
ou outros grupos musculares, além de movimentos mais complexos que
parecem propositais, como tocar ou bater nos objetos próximos.
São típicos dos tiques vocais os ruídos não articulados, tais como
tossir, fungar ou limpar a garganta, e outros em que ocorre emissão
parcial ou completa de palavras.
Em menos de 50% dos casos, estão presentes o uso involuntário de
palavras (coprolalia) e gestos (copropraxia) obscenos, a formulação de
insultos, a repetição de um som, palavra ou frase dita por outra pessoa
(ecolalia).
Diagnóstico
O diagnóstico da síndrome de Tourette é essencialmente clínico e deve
obedecer aos seguintes critérios: 1) tiques motores múltiplos e um ou
mais tiques vocais devem manifestar-se durante algum tempo, mas não
necessariamente ao mesmo tempo; 2) os tiques devem ocorrer diversas
vezes por dia (geralmente em salva), quase todos os dias ou
intermitentemente por um período de pelo menos três meses consecutivos;
3) o quadro deve começar antes dos 18 anos de idade.
Tratamento
A síndrome de Tourette é uma desordem que não tem cura, mas pode ser
controlada. Estudos clínicos têm demonstrado a utilidade de uma forma de
terapia comportamental cognitiva, conhecida como tratamento de reversão
de hábitos. Ela se baseia no treinamento dos pacientes para que
monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com a finalidade de
responder a eles com uma reação voluntária fisicamente incompatível com o
tique.
Medicamentos antipsicóticos têm se mostrado úteis na redução da
intensidade dos tiques, quando sua repetição se reverte em prejuízo para
a autoestima e aceitação social. Em alguns casos de tiques bem
localizados, podem ser tentadas aplicações locais de toxina botulínica (botox).
Alguns autores defendem que, excepcionalmente, pode ser indicado o
tratamento cirúrgico com estimulação cerebral profunda, aplicada em
certas áreas do cérebro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário