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sábado, 30 de novembro de 2013

Florianópolis é pioneira em educação inclusiva

Gabriela Wolff, do Diário Catarinense
gabriela.wolff@horasc.com.br
del <b>Sindrome de Down</b> bajoNa turma da 5ª série da Escola Municipal Anísio Teixeira, na Costeira, em Florianópolis, o estudante Rudson Adriano Espindola Filho, 11 anos, é um aluno como qualquer outro. Usa o uniforme, realiza as atividades cotidianas, brinca com os colegas, faz bagunça no recreio e aprende diariamente. A síndrome de down é apenas mais uma característica do menino extrovertido, que não o impede de estar incluído na escola regular, um direito de todas as crianças.
Convívio na Apae ajudou na adaptação
A mãe do garoto, Débora Rodrigues da Costa, não teve problemas para matricular o filho. Ela acredita que o fato de Rudson frequentar a escola regular e participar de atividades na Associação de Pais e Amigos do Excepcionais (Apae) ajuda no seu desenvolvimento:
— Vejo que a escola também está aprendendo com ele. O Rudson gosta muito de estudar, mostra os cadernos, brinca com os colegas. Já tive problemas em outras escolas e algumas creches quando ele era menor, mas nessa está indo bem — conta Débora.
Florianópolis é pioneira
Há quase 20 anos, Florianópolis saiu na frente e começou a inserir os alunos com deficiência na rede regular de ensino. Com o passar do tempo, o método foi sendo aprimorado. Hoje, são 473 estudantes que frequentam a escola regular e recebem o atendimento especializado em salas multimeios no contra-turno. São 22 polos, com professores especializados em educação especial que estão em constante diálogo com o educador da sala regular. Os materiais também são adaptados previamente. Nos casos em que o estudante necessita de auxílio para locomoção, alimentação e higiene, um auxiliar é deslocado para dentro de sala. A professora Daniela Pereira Gonzaga Luz é a encarregada no caso de Rudson.
Inclusão não é pela metade
O método adotado chamou a atenção no país, e a gerente de Educação Inclusiva da prefeitura de Florianópolis, Rosângela Machado, participou de uma audiência na Comissão de Educação do Senado no dia 5 de novembro para debater o tema e mostrar porque Florianópolis é referência no assunto:
— Defendemos o direto de todos à educação, independente do nível de deficiência e grau de complexidade. Inclusão não existe pela metade, tem que ser total — destacou a especialista no assunto.
Duas realidades
Na rede estadual de Santa Catarina, o modelo inclusivo começou a funcionar em 2006. A coordenadora de educação especial, Simone Flores, explica que nas turmas em que há algum aluno com deficiência é contratado um assistente, dedicado a fazer as adaptações curriculares necessárias de materiais e metodologia que permitam o aluno acompanhar. Além disso, estes estudantes recebem no contra-turno atendimento especializado, de acordo com a deficiência:
— Não é reforço escolar, mas sim um atendimento para as necessidades daquele aluno. Acredito que com isso a escola está preparando para a vida, e abrindo espaço para que todos tenham a mesma oportunidade.
Trabalho deve ser ampliado
Toda a rede municipal de educação tem cerca de 9,2 mil estudantes. Simone explica que o processo é automatizado, e assim que um diretor recebe a matrícula de alunos com deficiência, ele envia o processo e é autorizada a contratação do segundo professor:
— São 4,5 mil professores, e estamos fazendo a formação de mais gente em Braile (leitura para cegos), educação física adaptada e outros cursos, mas ainda é um desafio — ressalta a coordenadora de educação especial.
Nem todas as particulares estão preparadas
Apesar da lei garantir o acesso ao ensino para qualquer pessoa, na rede particular, a realidade é um pouco diferente. São poucas as escolas preparadas para receber os alunos com deficiência, e o presidente do Sindicato da Escolas Particulares, Marcelo Batista de Sousa, diz que a inclusão só pode ser realizada quando os alunos tiverem condições de se integrarem, e é dever das instituições de ensino público oferecer as vagas:
— Os serviços de educação especial deverão ser ofertados pelas escolas particulares para os alunos que tiverem condições de se integrarem no sistema regular de ensino. Por exemplo, sabemos que um médico cardiologista, não é obrigado a realizar um transplante de córneas ou cirurgia plástica, pois essa não é a sua especialização. Não há legislação que obrigue uma clínica psiquiátrica a realizar procedimentos cirúrgicos. Nessa linha, defendemos que a educação especial tem que ser tratada com a mesma consideração — disse.
Educação Inclusiva em debate
A discussão em torno da educação de crianças com deficiência está em evidência no Brasil desde que Plano Nacional de Educação (PNE) começou a ser discutido no Senado, em 2012. O plano contém 14 artigos e 20 metas para melhorar a educação que devem ser cumpridas em até 10 anos. A Meta 4 do plano, que garante o acesso à educação básica na rede regular de ensino para a população de 4 a 17 anos é alvo de polêmica.
Opiniões divididas
Um grande debate sobre o que é melhor para o desenvolvimento de pessoas com deficiência divide opiniões entre os que querem que os filhos frequentem somente instituições especializadas, como as Apaes, alegando que a escola normal não está preparada para receber os alunos especiais, e os que defendem o direito a inclusão total na rede regular, com atendimento complementar em outra instituição quando necessário.
Modelo ideal não existe
Para a especialista em educação de pessoas com deficiência mental da Unicamp/ SP, Maria Teresa Mantoan, não existe um modelo ideal, mas um modelo inclusivo, que tenha como característica o respeito ao direito de todos à educação em uma escola comum do bairro, com um atendimento adequado:
— É necessário uma mudanças de paradigmas dentro da escola, que vai acarretar em uma mudança do ensino, na formação dos professores, e no próprio atendimento especializado para os alunos — explica.
Para a professora, é inaceitável quando uma escola, seja pública ou particular diz que não está preparada para receber um aluno especial:
— A rede particular faz parte do mesmo sistema de ensino brasileiro e deve aceitar qualquer aluno. Os pais que se sentirem prejudicados devem buscar os direitos de seus filhos na Justiça — finalizou .
A diferença entre a Apae e a escola regular
A presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Florianópolis, Arlete das Graças Torri, explica que uma instituição não substitui a outra, são trabalhos complementares. Para ter atendimento na instituição na Capital, as crianças até 17 anos são obrigadas a estarem matriculadas na rede regular de ensino:
— Alguns pais resistem a colocar na escola porque acham que lá seu filho vai sofrer preconceito, assim como outros não querem colocar na Apae.
A Apae tem um trabalho minucioso e de atenção especial às necessidades de desenvolvimento de todas as funções cognitivas, como a memória, a atenção, a percepção, o raciocínio, a linguagem, coordenação motora. Todo o trabalho é realizado por um grupo de profissionais especializados como fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psiquiatras, pedagogos. O ambiente é voltado para que a pessoa com necessidades especiais se desenvolva e esteja pronta para integrar a comunidade, para ser independente ao máximo e poder se inserir também no mercado de trabalho.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Nota de Membros Do Ministério Público ao senado em apoio à educação inclusiva

Exmos.Srs. Senadores,
Vimos, respeitosamente, requerer que é necessário que a redação da META 4 do Plano Nacional de Educação garanta precipuamente um sistema educacional inclusivo, com os alunos com deficiência na escola comum, pública ou particular, com os demais alunos; promovendo a articulação entre a escolarização nas classes e escolas comuns da rede regular e a educação especial ou atendimento educacional, e que não haja segregação de alunos com deficiência em escolas especiais, sob pena de desrespeito à Constituição, Convenção dos Direitos das Pessoas com Deficiência e os Direitos Humanos.
Para isso segue abaixo a NOTA DA AMPID (ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DE DEFESA DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA E IDOSO) DE APOIO À POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA:

Está inserido, na própria Constituição da República de 1988, em seu artigo 205, que a educação é um direito de todos e dever do estado e da família, e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, “visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Nesse mesmo sentido a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas, ratificada pelo Brasil em 2008 e incorporada ao ordenamento jurídico pelo Decreto Legislativo 186/08 e pelo Decreto Executivo nº 6.949/2009, inclusive equiparada a Emenda Constitucional pela redação da EC nº 45/2004, em seu artigo 24, reconhece o direito das pessoas com deficiência à educação, e que, para efetivar tal direito, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidade, deverão os Estados Partes assegurar “um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida”, tendo como um dos seus objetivos “a participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre”.

Verifica-se que a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva do Ministério da Educação encontra-se de acordo com o que preceituam a Constituição Federal e a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, posto não aceitar que a criança e o adolescente estejam fora da sala de aula comum, único lugar capaz de maximizar o seu desenvolvimento, diante da diversidade de características de seus alunos, contribuindo enormemente para sua inclusão plena.

Assim, está amplamente respaldado no direito constitucional o fato de só se admitir a escolarização da pessoa com deficiência na escola comum, assim como acontece com as demais crianças e adolescentes sem deficiência, garantindo-se àquelas os apoios, acessibilidade e tecnologias assistivas necessárias; sendo o atendimento educacional especializado não substitutivo à escolarização dos alunos público alvo da educação especial, de caráter complementar e oferecido na rede de ensino, no contraturno do ensino regular.

É importante ressaltar que, desde o inicio da implementação dessa Política Nacional do Ministério da Educação em todo o Brasil, o Censo Escolar registra significativos avanços nos sistemas de ensino em relação às matrículas de estudantes público alvo da educação especial no ensino regular com crescimento de mais de 700%, o que comprova uma inclusão educacional de fato a essas pessoas com deficiência.

Desta forma, a Associação Nacional dos Membros do Ministério Público em Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência e dos Idosos – AMPID, diante desse panorama nacional, e considerando sua finalidade precípua de defesa dos direitos humanos e da dignidade e autonomia das pessoas com deficiência, além da garantia do respeito ao estado democrático de direito, posiciona-se favorável à Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva requerendo a sua continuidade, seu avanço e aperfeiçoamento, sem alterações que possam desvirtuá-la, garantindo V.Exa. que a redação da META 4 do Plano Nacional de Educação garanta precipuamente um sistema educacional inclusivo, com os alunos com deficiência na escola comum, pública ou particular, com os demais alunos; promovendo a articulação entre a escolarização nas classes e escolas comuns da rede regular e a educação especial ou atendimento educacional.

Brasília-DF, 26 de novembro de 2013
Iadya Gama maio – Presidente da AMPID
Waldir Macieira da Costa Filho – Vice-Presidente da AMPID

QUANDO O SILÊNCIO É SINAL DE ALERTA

Demora no diagnóstico do atraso da fala pode causar problemas futuros
A falta de conhecimento dos pais e até mesmo a baixa percepção de alguns pediatras podem causar sérios danos a crianças que apresentam alterações no desenvolvimento da linguagem oral. Por não perceberem sinais de atraso na fala nos dois primeiros anos de vida da criança, os pais só recorrem ao tratamento adequado quando os sintomas são bem mais fortes e podem estar relacionados a outros distúrbios. Diagnósticos equivocados, associados a crendices como “basta esperar que a fala aparece com o tempo”, podem causar impactos irreparáveis na primeira infância ou acompanhar o indivíduo para o resto de sua vida.
Foto: sxc.hu/Milan Jurek
As crianças tendem a adquirir a linguagem no decorrer do segundo ano de vida.As que chegam nessa faixa etária sem apresentar essa forma comunicativa merecem atenção especial. “Elas podem estar com alterações de linguagem”, alerta a professora do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG, Rita de Cássia Leite.
O atraso da linguagem oral pode estar relacionado a surdez, deficiência mental, comprometimentos neurológicos e outros fatores chamados de secundários. “Esse transtorno é mais facilmente identificado pela família ou pelo médico, pois apresenta sinais maiores, traços clínicos mais evidentes. São esses que chegam ao consultório mais cedo”, comenta a professora.
Por outro lado, os fatores primários, mais difíceis de serem diagnosticados, são chamados de Alterações Específicas do Desenvolvimento da Linguagem. “São crianças, em geral, com resultados de exames normais, mas que não conseguem desenvolver a linguagem oral conforme o esperado”, explica Rita de Cássia. Esse distúrbio pode atingir entre 5% a 10% das crianças.
Diagnóstico
A especialista chama a atenção para a necessidade de um diagnóstico até os dois anos de idade. Segundo ela, depois dessa idade, algumas habilidades podem ser mais comprometidas. “O prognóstico favorece uma intervenção terapêutica preventiva, bem planejada, segura e eficiente; evitando outras alterações tardias, como distúrbios de aprendizagem, desvios fonológicos e até mesmo alterações emocionais e sociais”.
Para uma identificação prévia, pediatras e pais devem abandonar as crenças e se atentar aos sinais reais das crianças. “Não devem simplesmente dizer que os meninos começam a falar depois das meninas, ou que irmãos mais novos começam a falar mais tarde em relação aos mais velhos. Esses fatores podem contribuir para uma variação normal, mas eles não deveriam ser usados para explicar o motivo pelo qual uma criança não alcança marcos essenciais”, ressalta a professora.
Orientações
A linguagem se divide em pré-linguística e linguística. A primeira consiste na troca comunicativa por meios não verbais, como o olhar e gestos, e acontece até 10 meses de vida. Já no período linguístico, que ocorre até os 24 meses, as crianças são capazes de formar frases de duas palavras como “mimi não” e “mamãe quero”. Com três anos, os pequenos apresentam vocabulário mais amplo e com mais elementos gramaticais.
Para o bom desenvolvimento da fala e da linguagem, a professora dá as seguintes dicas: “Manter interações comunicativas com seus filhos desde os primeiros meses de vida, falando com entonação diferenciada, ficar atentos aos sinais como gestos e expressões faciais, aproveitar as situações diárias (banho, alimentação) para nomear os objetos e levar as crianças para conhecerem outros ambientes em que terão uma diversificação linguística, como os parques”.


MEC vai investir R$ 1 bi em programa de formação de professores em 2014 Formação continuada será feita com 495 mil docentes, anunciou ministro. Pacto para fortalecer o ensino médio vou divulgado no DO desta segunda.

Mercadante durante a coletiva nesta segunda (25) (Foto: G1)O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, afirmou na tarde desta segunda-feira (25) que o Pacto pelo Fortalecimento do Ensino Médio, divulgado em portaria publicada na edição desta segunda do "Diário Oficial da União", receberá um total de R$ 1 bilhão em recursos até o fim de 2014. O objetivo é formar todos os 495.697 professores do ensino médio cadastrados no Censo Escola de 2012. Segundo Mercadante, o governo vai criar uma rede de formadores e orientadores de estudos para aplicar o curso de 200 horas anuais aos docentes.
Cada professor participante receberá uma bolsa mensal de R$ 200, valor que o ministro admitiu ser baixo. "Esse é o valor que temos a pagar hoje", disse Mercadante, afirmando que não é possível cortar gastos de outras áreas do ministério, mas lembrando que a bolsa oferecida hoje representa mais do que 10% do piso salarial nacional dos docentes no país.
Para receberem a bolsa, os professores deverão ser cadastrados no Educacenso como professores do ensino médio, ter efetivo exercício na docência, frequência e desempenho na formação atestados pelas secretarias estaduais e universidades e participação nas atividades de formação no programa de educação digital.
O ministro explicou ainda que "a formação vai ser feita no chão da escola" e, para participar do curso e receber a bolsa, os professores precisarão estar exercendo a profissão dentro da sala de aula. "Quem está fora de aula não participa do programa e não recebe a bolsa, só quem está ‘comendo pó de giz na sala de aula’", disse. A ideia, segundo Mercadante, é aproveitar a carga horária que o professor tem fora do horário de aula. As horas de estudo deverão representar um terço da carga horária de cada professor.

Após a capacitação dos formadores e dos orientadores de estudo, em fevereiro do ano que vem começará o curso dos professores, que deve durar até dezembro.Cronograma
O material didático será oferecido pelo MEC em formato digital em tablets, e ministrado presencialmente por 40 instituições de ensino superior que, segundo o ministro, já aderiram ao programa. As 27 secretarias estaduais e distrital também já manifestaram interesse em pré-aderir ao pacto, disse Mercadante. "De dezembro a janeiro teremos seminários estaduais de mobilização", explicou.

Na primeira etapa os professores vão discutir o currículo, os sujeitos do ensino médio, a organização e gestão do trabalho pedagógico, os formatos de avaliação, áreas de conhecimento e integração curricular. Na segunda etapa vai ser um estudo aprofundado das áreas de conhecimento, com foco inclusive nas matrizes do Ensino Nacional do Ensino Médio.
Além da formação continuada de professores já licenciados, o MEC também pretende mexer nos cursos de formação inicial de professores, de graduação em pedagogia e licenciatura. Segundo Mercadante, hoje em dia esse nível de formação não está vinculado de forma adequada à prática. "Se nós não vincularmos a formação a um campo de prática efetiva da docência, nós não formaremos professores bons nesse país", afirmou ele, em entrevista coletiva na tarde desta terça.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Paulo Paim, do PT, o maior adversário da educação inclusiva


Quando o MEC (Ministério da Educação) lançou o programa de educação inclusiva em 2007, previu novo papel para as APAEs (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais). Em lugar de segregar os alunos em escolas especiais, auxiliá-los a se integrar na rede pública. Com isso, alinhavava-se com todas as linhas pedagógicas modernas, que constataram o enorme avanço das crianças com deficiência, quando colocadas desde cedo em condições de conviver com colegas sem deficiência.
Imediatamente, a APAE São Paulo aderiu ao novo projeto. Desativou sua escola especial e passou a apoiar os alunos na rede escolar. O número de atendidos saltou de oitenta e poucos para mais de 400.
Financeiramente, não houve perdas. Sem o custo de manter estrutura própria, todos os recursos puderam ser direcionados para o objetivo final, o atendimentos dos alunos, atuando no chamado contraturno. Perdeu-se o poder sobre verbas que ficavam apenas na atividade-meio. É evidente que a capacidade de definir despesas é o que garante o poder de qualquer instituição. Para APAEs sérias, como a de São Paulo, não foi problema.
De início, havia preocupação em não desempregar as professoras. O receio acabou quando conferiram a situação funcional delas: todas eram professoras concursadas cedidas pelo município à APAE. Como ocorre na maior parte das APAEs.
Mesmo sendo uma instituição exemplar, a APAE-SP só aceitava em sua escola especial alunos “moderados” e “treináveis”, conforme acaba de me relatar a educadora contratada para coordenar a transição. Recusava considerados de deficiência “severa”. Essa política é legitima, mas desmente o bordão da Federação das APAEs, de que só elas teriam condições de atender a alunos com deficiencia mais avançada.
A saga das APAEs e de outras filantrópicas – como a Teleton [AACD], que monopoliza toda a entrega de órteses e próteses do SUS em São Paulo – surgiu em um período de ausência de políticas públicas. Quando finalmente o Estado se compenetrou de suas obrigações e entendeu que caberia a ele preparar a rede pública para receber os alunos com deficiência, houve enorme avanço social. Mas enorme resistência de parte da Federação das APAEs, para não perder protagonismo, relevância política.
Agora há pouco conversava com o Ministro da Educação Aloizio Mercadante no evento do Dia da Consciência Negra. Ele mostrava o enorme salto de inclusão de pessoas com deficiência tanto na rede básica quanto no ensino superior, depois que o MEC, a partir de 2007, deu início à sua política de educação inclusiva.
De certo modo, a diferença do velho para o novo modelo é similar ao das políticas sociais pontuais de dona Ruth – Bolsa Escola – para as políticas universalizantes e sistêmicas do Bolsa Família.
Hoje em dia, no entanto, a maior ameaça à política de educação inclusiva do MEC é o senador petista Paulo Paim (RS).
Ele é o autor do Estatuto da Pessoa Com Deficiência, em tramitação no Senado, que atropela todos os princípios da educação inclusiva, ao abolir a obrigatoriedade do ensino na rede regular. Na discussão da Meta 4 do PNE (Plano Nacional de Educação), é autor de emenda para que se abra mão da obrigatoriedade da educação inclusive no ensino público.
Se não houver uma ação firme por parte do governo Dilma, os interesses paroquiais de Paim, da Ministra-Chefe da Casa Civil Gleisi Hoffmann e da Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos Maria do Rosário comprometerão um dos grandes feitos civilizatórios do próprio governo petista.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Transtornos da Conduta

Transtornos da Conduta
Transtornos relacionados por semelhança ou classificação


 
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Diagnóstico
Basicamente consiste numa série de comportamentos que perturbam quem está próximo, com atividades perigosas e até mesmo ilegais. Esses jovens e crianças não se importam com os sentimentos dos outros nem apresentam sofrimento psíquico por atos moralmente reprováveis. Assim o comportamento desses pacientes apresenta maior impacto nos outros do que nos próprios. O transtorno de conduta é uma espécie de personalidade anti-social na juventude. Como a personalidade não está completa, antes dos dezoito anos não se pode dar o diagnóstico de personalidade patológica para menores, mas a correspondência que existe entre a personalidade anti-social e o transtorno de conduta é muito próxima.
Certos comportamentos como mentir ou matar aula podem ocorrer em qualquer criança sem que isso signifique desvios do comportamento, contudo a partir de certos limites pode significar. Para se diferenciar o comportamento desviante do normal é necessário verificar a presença de outras características e comportamentos desviantes, a permanência deles ao longo do tempo. Além das circunstâncias em que o comportamento se dá, as companhias, o ambiente familiar, os valores e exemplos que são transmitidos devem ser avaliados para o diagnóstico. O transtorno de conduta é freqüente na infância e um dos maiores motivos de encaminhamento a psiquiatria infantil.
Característica
na juventude. Como a personalidade não está completa, antes dos dezoito anos não se pode dar o diagnóstico de personalidade patológica para menores, mas a correspondência que existe entre a personalidade anti-social e o transtorno de conduta é muito próxima.
Certos comportamentos como mentir ou matar aula podem ocorrer em qualquer criança sem que isso signifique desvios do comportamento, contudo a partir de certos limites pode significar. Para se diferenciar o comportamento desviante do normal é necessário verificar a presença de outras características e comportamentos desviantes, a permanência deles ao longo do tempo. Além das circunstâncias em que o comportamento se dá, as companhias, o ambiente familiar, os valores e exemplos que são transmitidos devem ser avaliados para o diagnóstico. O transtorno de conduta é freqüente na infância e um dos maiores motivos de encaminhamento a psiquiatria infantil.
Curso
Tem sido observada uma tendência a se tratar de um problema duradouro que inicia na infância podendo chegar à idade adulta. Como é um transtorno relativamente novo não se pode afirmar cientificamente que durará a vida toda. Por enquanto tem se verificado que quanto mais precoce o início, maior a gravidade e tendência a durar ao longo da vida. Os sintomas mais leves como mentiras, falta às aulas podem preceder comportamentos mais graves como agressões físicas ou abuso de drogas. O desinteresse escolar e o próprio comportamento desviante levam ao fracasso acadêmico, tornando o futuro dessas crianças ou adolescentes mais limitado. O encontro com outras pessoas com o mesmo perfil pode ocasionar na formação de gangues, o que significa um primeiro passo na direção de atividades ilegais em grupo. Nesse caso as companhias podem precipitar as atividades delinqüentes.
Alguns eventos da vida favorecem a permanência do comportamento desviante, outros o atenuam. O ambiente escolar tanto pode incentivar como inibir, dependendo de suas características. Constata-se que uma boa escola faz diferença para a educação e formação dos adolescentes e crianças. Igualmente o suporte familiar e o envolvimento afetivo. A identificação com uma pessoa de boa índole tanto pode atenuar o comportamento como precipitar e aprofundar um comportamento patológico quando o parceiro afetivo age nesse sentido.
Um ciclo vicioso entre gerações é observado no ambiente anti-social do transtorno de conduta. Filhos de pais anti-sociais tendem a ser anti-sociais que por sua vez tendem a educar filhos anti-sociais perpetuando o ciclo. Não há evidências suficientes para se afirmar que esse problema seja mais genético do que ambiental, ou o contrário. Os estudo mostram influência genética, mas isso apenas não é suficiente para fazer surgir o transtorno de conduta.


Comorbidade
As crianças e adolescentes com transtorno de conduta apresentam também mais do que outras pessoas na mesma faixa etária, incidência de transtornos mentais. O mais freqüente é o déficit de atenção com hiperatividade, estando presente em aproximadamente 43% dos casos, os transtornos de ansiedade e obsessivo-compulsivos em 33% dos casos. O abuso de substâncias psicoativas também é mais elevado dentre os adolescentes com transtorno de conduta.


Tratamento
Os tratamentos citados na literatura não apresentam respostas satisfatórias, mas alguma melhora do comportamento é possível de ser obtida com uma intervenção em diferentes áreas. Psicoterapia individual, uso de medicação para os sintomas mais proeminentes, psicoterapia familiar, orientação de pais, treinamento dos envolvidos no trato direto como os professores. Abordagens isoladas como psicoterapia individual dificilmente surtirão algum benefício.

Última Atualização: 15-10-2004
Ref. Bibliograf: Liv 02 Liv 20
Fonte:fonte

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Empresas de táxi podem ser obrigadas a ter 5% dos carros adaptados para cadeirantes Objetivo é que cadeirantes não saiam das cadeiras de rodas

Empresas e cooperativas de táxi que operam com 20 ou mais veículos poderão ser obrigadas a adaptar pelo menos 5% de sua frota para pessoas com deficiência.
É o que determina o projeto de lei do Senado, que está na pauta da Comissão de Serviços de Infraestrutura na próxima quarta-feira (13).
O objetivo do projeto é permitir a cadeirantes embarcar e desembarcar do automóvel sem a necessidade de que sejam retirados de suas cadeiras de rodas.
O senador Sérgio Souza (PMDB-PR), autor da proposta, argumenta que os benefícios fiscais concedidos na aquisição de táxis devem ser revertidos à sociedade de alguma forma.
Na justificativa do projeto, ele acrescenta que os cadeirantes preferem fazer seus deslocamentos, sempre que possível, sem a necessidade de ajuda ou de retirada de suas cadeiras de rodas.
— Isso porque eles querem se sentir produtivos e capazes de gerir suas vidas sozinhos, como o restante da população. Nesse sentido, é importante que haja táxis adaptados para as peculiaridades desses brasileiros.
O projeto estabelecia inicialmente que apenas as empresas estariam sujeitas à obrigação de adaptar 5% da frota, mas o relator, senador Flexa Ribeiro, incluiu as cooperativas.
Ele lembra que em muitos municípios os serviços de táxi são prestados não apenas por permissionárias ou concessionárias, mas também por cooperativas formadas por condutores anônimos.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Inclusão da pessoa com síndrome de Down no mercado de trabalho

A entrada no mercado de trabalho é um passo importante para que os jovens possam fazer a transição entre o mundo da infância e o mundo adulto. O excesso de preocupação por parte de familiares e amigos muitas vezes torna essa passagem difícil para as pessoas com síndrome de Down, principalmente pela forma com que elas são tratadas e pelas baixas expectativas em relação à sua função na sociedade.
 
 - Portal Inclusão Brasil - Ações sociais e inclusivasAs pessoas que não estão empregadas tendem a ter mais depressão e menos autoestima. Isso acontece porque o ambiente de trabalho ajuda os indivíduos a ganhar responsabilidades e desenvolver relacionamentos com grupos diversos. Além disso, favorece o desenvolvimento de habilidades cognitivas, mecânicas e de adaptação a diferentes situações, inclusive na vida pessoal.
 
Reconhecer-se como parte do mundo do trabalho fortalece o sentido de cidadania de jovens e adultos. No caso de pessoas com síndrome de Down, muitas vezes as próprias famílias se surpreendem com mudanças de atitude, uma vez que elas se sentem mais independentes e capazes de realizar seus desejos.
 
O artigo 27 da convenção da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência estabelece que todos têm direito a oportunidades iguais de trabalho. Muitos países, assim como o Brasil, contam com uma legislação trabalhista que favorece a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, seja através de cotas ou de subsídios para as empresas contratantes.
 
É importante ressaltar que o trabalho não envolve apenas a pessoa e a empresa. Família, escola e sociedade precisam caminhar juntas na defesa da inclusão efetiva para que a entrada no mercado de trabalho de pessoas com síndrome de Down possa se tornar uma realidade para todos.
 
Na seção “Trabalho” do Movimento Down, você encontra informações sobre como contratar uma pessoa com síndrome de Down, experiências inclusivas no mercado de trabalho e um banco de dados com vagas disponíveis para pessoas com a trissomia em todo o Brasil. Se você representa uma instituição interessada em oferecer oportunidades a este público, não deixe de se cadastrar. Profissionais com síndrome de Down que desejam se candidatar a uma vaga de emprego também podem se cadastrar no banco de dados de prestadores de serviços.
 
Dicas para contratar pessoas com síndrome de Down
 
Empregar pessoas com síndrome de Down e outras deficiências intelectuais traz benefícios não apenas para os indivíduos, mas para as organizações. Para que a experiência seja positiva para todos, é fundamental enxergar as oportunidades de acordo com as potencialidades de cada um. Confira abaixo dicas importantes que podem facilitar este processo:
 
Além da deficiência
 
Compreender que o (a) profissional com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais é um ser humano com particularidades e potencialidades é um passo importante na hora de pensar nas oportunidades que serão oferecidas. Assim, embora seja importante compreender quais são as limitações e questões relacionadas à deficiência, é fundamental conversar com o (a) novo (a) empregado (a) para definir de que maneiras ele (a) poderá contribuir para a empresa de acordo com suas características pessoais.
 
Prazer, mundo do trabalho
 
Em virtude da falta de expectativas em relação ao futuro profissional no ambiente familiar e escolar, muitos jovens e adultos com síndrome de Down não foram apresentados ao mundo do trabalho. Assim, questões como o comportamento adequado, responsabilidade e hierarquia podem ser novidades para o (a) empregado (a) que acaba de chegar. Porém, isso não significa que essas pessoas não sejam capazes de se adaptar à rotina da empresa, muito pelo contrário. Trata-se apenas de ter disposição para facilitar sua entrada neste novo universo e explicar, sempre que necessário, quais são os direitos e os deveres relacionados ao vínculo com a organização.
 
Segundo a Fundação Síndrome de Down, é importante trabalhar com o exemplo dos colegas de trabalho para mostrar ao jovem que determinados comportamentos são inadequados, como por exemplo:

-Atrasos e faltas sem justificativas
-Higiene inadequada
-Confundir papel do chefe ou da equipe de trabalho
-Se negar a realizar determinadas tarefas sem motivo aparente
 
É importante ressaltar que uma adaptação adequada e o acompanhamento do desenvolvimento do (a) funcionário (a) dentro da empresa são fundamentais para que situações semelhantes às citadas acima sejam encaradas com tranquilidade e resolvidas com uma conversa franca entre as partes. Em alguns casos, pode ser benéfico entrar em contato com a família ou com o (a) profissional responsável pelo acompanhamento terapêutico do (a) empregado (a), se houver.
 
Referência é fundamental
 
É muito importante que cada pessoa com síndrome de Down empregada na organização saiba de forma clara que existe uma referência dentro da empresa. Um outro funcionário – não necessariamente o seu chefe – a quem ele (a) pode recorrer em caso de dúvidas e que também acompanhe de perto a sua adaptação ao trabalho para discutir questões relacionadas com a área de relações humanas da empresa caso seja necessário.
 
Esse apoio traz segurança para o (a) profissional com síndrome de Down, que muitas vezes se torna ansioso (a) diante da incerteza sobre diversos assuntos ligados a um ambiente desconhecido.
 
O tempo de cada um
 
A síndrome de Down está relacionada a dificuldades de aprendizado, o que significa que os funcionários com a trissomia provavelmente vão demorar um pouco mais de tempo para realizar determinadas tarefas. Isso não quer dizer que elas não serão feitas, ou que serão feitas de forma inadequada. Assim, é importante acompanhar sempre o processo de adaptação da pessoa ao trabalho para determinar, de preferência junto com o (a) funcionário (a) em questão, quais serão as suas responsabilidades e tarefas a cumprir.
 
A relação com os pais
 
Para empresas como a Light e a Oi, que empregam pessoas com síndrome de Down, a parceria com os pais é fundamental no processo de adaptação ao mundo do trabalho. Muitas vezes, os pais podem se sentir inseguros em relação à convivência de seu filho ou filha em um ambiente desconhecido, pois eles também precisam se adaptar à ideia de que a pessoa com síndrome de Down ou outras deficiências intelectuais pode trabalhar. No entanto, com o passar do tempo, percebem que a experiência pode trazer benefícios inclusive no ambiente familiar. Na fase inicial, pode ser benéfico entrar em contato com eles no sentido de tranquiliza-los ou com o profissional responsável pelo acompanhamento psicológico do (a) empregado (a), se houver.
 
Orientações aos colegas de trabalho
 
A falta de acesso a ambientes inclusivos pode fazer com que algumas pessoas apresentem diversas dúvidas relacionadas à síndrome de Down. A falta de conhecimento pode gerar distanciamento e até mal-entendidos entre funcionários, prejudicando a cultura de inclusão e o ambiente de trabalho da empresa. Por isso, é importante que um profissional especializado converse com a equipe que receberá o (a) novo (a) empregado (a) sobre o assunto para criar um ambiente adequado e propício para a adaptação da pessoa com deficiência.
 
Cota para pessoas com deficiência
 
A legislação estabeleceu a obrigatoriedade de as empresas com cem (100) ou mais empregados preencherem uma parcela de seus cargos com pessoas com deficiência. A reserva legal de cargos é também conhecida como Lei de Cotas (art. 93 da Lei nº 8.213/91). A cota depende do número geral de empregados que a empresa tem no seu quadro, na seguinte proporção, conforme estabeleceu o art. 93 da Lei nº 8.213/91:
 
I – de 100 a 200 empregados ……………… 2%
II – de 201 a 500 …………………………………….. 3%
III – de 501 a 1.000 …………………………………. 4%
IV – de 1.001 em diante ……………………….. 5%