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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

'Ele foi curado do autismo', diz médico

Pediatra afirma ter revertido quadro de autismo em menino de quatro anos; maior parte dos especialistas, no entanto, afirma que doença é incurável


A consulta de pré-natal era para ver se estava tudo bem com a mãe e o bebezinho dentro da barriga, mas alguma coisa de diferente acontecia com a criança de um aninho que acompanhava a mãe barriguda no posto de saúde. Ele não a largava, não fazia contato com os olhos e era fissurado em água. A ginecologista não teve dúvida e encaminhou o caso para o médico de família e para o psicoterapeuta.


Com um ano e meio, o menino apresentava um quadro grave de autismo. Miguel ficava o tempo inteiro na torneira mexendo com a água. Quando o tiravam de perto da água, ele gritava, chutava e cuspia. Hoje com quase cinco anos, Miguel* dá beijo, olha nos olhos enquanto conversa, é do tipo que fala alto e bastante, mesmo com frases embaralhadas, e adora os amiguinhos de classe.
Maria Fernanda Ziegler / iG
Professoras ensinaram a importância de cuidar do próximo com o boneco apelidado de Zequinha



“Hoje ele não tem mais autismo, o quadro de autismo foi revertido. Ele fala, tem relação social perfeita, não tem mais aquela casca da ostra e é uma criança que brinca simbolicamente. E tem mais, noto que ele é muito amado", diz Wagner Ranna médico pediatra, psicoterapeuta e professor na Faculdade de Medicina da USP. Ele que cuidou do caso de Miguel no posto de saúde do Rio Pequeno, em São Paulo. 



Para Luciano de Araújo, médico da família do posto de saúde, o caso de Miguel mostra que até mesmo casos graves de autismo podem ser tratados e curados. “Queremos mostrar com o caso do Miguel que a linha que separa o autismo pode estar borrada, e que se a criança não for tachada muito cedo com o diagnóstico, ela poderá se desenvolver e sair desta marcação”, disse.



Ranna e Araújo seguem uma linha que não considera o autismo como algo irreversível. Eles integram um grupo de cerca de 500 profissionais que atuam em mais de 100 instituições nacionais de saúde do País defendem que o autismo pode até ser revertido em alguns casos e que taxar o autismo de incurável seria uma visão reducionista da doença.



Fora d’água
Foi um longo percurso até a mudança total de comportamento de Miguel. O menino e a família participavam de sessões de terapia de quinze em quinze dias. Miguel também passou a tomar medicamento. “Fiquei muito nervosa quando falaram que ele tinha autismo. Eu nem sabia o que era isso. Não sabia o que fazer”, lembra a mãe Adriana França.



Ranna conta que levou alguns meses só para tirar o menino da fixação com a água. “Do mesmo jeito que alguns autistas ficam mexendo com as mãos, ele ficava nessa fissura com a água. Depois de muitas sessões de terapia, consegui tirar ele dessa fissura", conta. 



Hoje, a brincadeira favorita de Miguel é o caminhão, um orgulho para mãe que é ex-frentista de posto e para o pai, caminhoneiro.



Outra grande meta do tratamento era inserir o menino no convívio social. Para isto, a estratégia foi matricular Miguel na creche e na escolinha. Mas o problema veio quando ele entrou na escola infantil. “As crianças odiavam ele, ele mordia os coleguinhas, pegava as coisas sem pedir. Acabou que ninguém gostava dele. Daí, até mesmo naqueles problemas que sabíamos que ele não estava envolvido, ele acabava levando a fama”, lembra Josiane Almeida Mota, professora da Escola Municipal de Educação Infantil em Jardim d’Abril, no Rio Pequeno.



24 crianças no pegando no pé
Alguma coisa precisava ser feita e as professoras resolveram conversar com a turma sem o menino. “Chamamos a turma para um canto, explicamos que ele precisava de ajuda. Foi muito bonito, pois todos resolveram ajudar e em nenhum momento precisamos dizer que ele era um aluno especial, que tinha autismo", conta Ana Lúcia Soares, também professora de Miguel.



A partir desta conversa, todas as outras 24 crianças da sala passaram a cuidar do menino. De acordo com a professora, os próprios alunos passaram a pegar na mãozinha dele para levá-lo para brincar. 



Miguel também tinha o hábito de pegar os brinquedos das outras salas e não devolver. Ficou combinado entre todas as professoras da sala que, caso ele entrasse nas salas e pegasse o brinquedo, elas parariam o que estavam fazendo e falariam para o menino que ele poderia pegar o que quisesse, desde que devolvesse.



Um outro estímulo foi o boneco Zequinha. “Pegamos um boneco de pano e cada semana um aluno levava o Zequinha para casa. Lá, a criança o ensinava e brincava com ele. Depois fazia um desenho. As mães deviam escrever como foi a ‘visita’”, disse Ana Lúcia. “Embora a gente não tenha relacionado o Miguel com o Zequinha, acho que as crianças gostaram da atividade com o Zequinha e repetiram com ele em sala de aula”, completou.



Além do esperado
Para o médico, o desenvolvimento do menino grandão e de cabelo alourado foi além do esperado. “Ele não está mais no espectro, mas é uma criança com alguns problemas de comportamento”, disse Wagner. 



A maioria dos especialistas, no entanto, é completamente contra esta ideia. O psiquiatra do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo Guilherme Polanczyk é um deles. Ele discorda veementemente do quadro apresentado. “A possibilidade de o autismo desaparecer até agora não foi evidenciada pela ciência. O autismo é uma condição crônica, persistente e que infelizmente não desaparece com o tempo”, disse.



Polanczyk afirma que para o caso de Miguel há apenas duas possibilidades: diagnóstico equivocado ou sintomas amenizados. “Depois de algum tempo, uma criança que inicia uma intervenção precoce melhora tanto que eventualmente um daqueles sintomas não aparece mais. Não é que ele não exista, foi apenas muito trabalhado e não aparece. Mas isso não significa que a criança não tem a condição. O autismo está lá", diz.



* o nome foi alterado para preservar a identidade da criança

terça-feira, 29 de outubro de 2013

AUTISMO e NAMORO Bruna Linzmeyer exalta amor entre Linda e Rafael: 'Sem máscaras. Preto no branco'

Pare. Olhe. Pense. Repense. O amor entre Linda (Bruna Linzmeyer) e Rafael (Rainer Cadete) pode ser possível? Pode. Para quem não sabe, o autismo abrange vários níveis complexos de comportamento e não tem um diagnóstico preciso. Só como exemplo, há casos até de gente que descobre que é autista aos 40 anos, que já tem filhos e jamais pensou que fosse.
Os atores posam para a câmera Sendo assim, pense fora da caixinha. Esqueça de tudo que é pejorativo em relação ao autismo e abra seu coração. Pronto. Agora você pode imaginar uma linda história de amor entre os dois personagens que tem repercutido bastante fora da telinha.
Os atores posam para a câmera
“É um tema lindo e acho que esse amor entre os dois se desenrola num ambiente muito verdadeiro, porque o autista tem essa característica, que é a maior dele: ser verdadeiro. Não existem máscaras, não existe aquele jogo do amor que a maioria faz... Não há nada disso. É tudo muito direto. É preto no branco”, vibra Bruna, que comemora muito a repercussão de sua personagem.
“A personagem é uma ideia que eu já fiquei sabendo desde antes de a novela começar e achei simplesmente linda. Realmente, é uma questão pertinente na vida de qualquer pessoa. Autista ou não-autista, você ter um relacionamento amoroso, viver uma paixão, um amor, é uma questão pela qual todos nós passamos e queremos passar. A gente vive para isso. Tudo o que fazemos... Enfim, quem não tem um amor, está procurando por um”, acrescenta.

Para Rainer Cadete, que aprofunda ainda mais o assunto, cada caso é diferente do outro. “Cursei Psicologia e sei que existe essa possibilidade de nós, que somos neurotípicos considerados normais, nos envolvermos e nos relacionarmos com autistas. Já vi casos de pessoas que só descobriram que eram autistas porque tinham filhos autistas com um grau mais severo. São vários níveis de autismo. Muitos deles imperceptíveis ou encarados pelos outros de outra forma, como timidez, introversão. Cada caso é um caso”, aponta.
Autista ou não-autista, você ter um relacionamento amoroso, viver uma paixão, um amor, é uma questão pela qual todos nós passamos e queremos passar."
Bruna Linzmeyer
E o retorno do pessoal nas ruas? É claro que não poderia ser melhor. “Tenho sentido um frisson enorme nas ruas por parte do público. O assédio está gigante, até mesmo aqui dentro do Projac... Até a Cassia Kis já veio falar comigo. Eu estou adorando isso. Todos elogiam, falam que está tudo muito bonito e eu também me emociono com as cenas de verdade. Vêm lágrimas nos olhos, mesmo”, revela ele.
E Bruna também deixa seu recado final: “Minha mensagem é de que eu sou fã dos dois, como todos os fãs do casal, e não só torço pelo amor deles, como também pelo amor que todos nós queremos. Que todo mundo possa se abrir para esse amor que é direto, verdadeiro e... Simplesmente amor!”

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Nas últimas semanas foram vinculadas diversas reportagens acerca da atriz americana Daryl Hannah, que atuou em filmes como Kill Bill. A mesma afirmou em entrevistas que tem autismo e que por causa dele, se afastou da vida em Hollywood e de seu trabalho como atriz.

A atriz afirmou que nunca se sentiu confortável em ser o centro das atenções, que ela sempre se sentiu muito mal com isso, apesar de conseguir, com sucesso, administrar a carreira durante muito tempo. Ela ainda disse que hoje tem conhecimento de coisas que facilitam a sua vida, que vinte anos atrás não tinha.
Daryl Hannah ainda contou que ela nunca disse que tinha autismo para as pessoas e produtores em Hollywood, isso porque, temia que não fosse escolhida para fazer comerciais, programas de TV ou filmes.
As declarações da atriz reacendem uma discussão: o quanto nossa sociedade está, ou não, preparada e adaptada para lidar com as pessoas diagnosticadas com Transtorno de Espectro Autista? O quanto nossa ignorância acerca do transtorno dificulta uma tentativa de ter uma vida “normal” para os autistas?
Levando em consideração o que foi dito por Daryl Hannah, a nossa sociedade como um todo, ainda dificulta, e muito, a vida das pessoas com autismo. E isso pode ser observado em nosso dia-a-dia, quando as escolas regulares não estão preparadas para receber uma criança com o transtorno, por exemplo.
E mais, quando os pais encontram profissionais de saúde despreparados na hora de cuidarem de seus filhos. Quando falta política pública para assistir as famílias que não tem condições de pagar por tratamento, quando pouco se fala sobre o transtorno, pois só a informação pode tirar as pessoas da ignorância a cerca do mesmo.
Ao olharmos a história de Hannah, podemos constatar que os autistas são capazes de fazer as mesmas coisas que qualquer outra pessoa que não tem o transtorno, apenas de forma diferente. Pois, se ela conseguiu manter uma carreira de sucesso em Hollywood, mesmo com todas as adversidades, por mais de vinte anos, imagina quando tivermos uma sociedade mais justa, no sentido de mais adaptada aos autistas, o que eles não poderão fazer?
Penso, e gostaria que todo mundo pensasse assim também, que não é o autista que tem que se adaptar ao mundo, e sim, o mundo que tem que se adaptar ao autista e isso é inclusão. Como os autistas, existe no mundo uma diversidade de modos diferentes de existir e de enxergar o mundo, e não podemos nos fixar naquilo que foi convencional dizer que era o “normal”.
Já está mais do que provado que por mais que uma pessoa seja diagnosticada com o Transtorno de Espectro Autista isso não quer dizer que ela não será capaz de ter uma boa vida. Para alguns autistas isso requer uma pouco mais de trabalho, mas não quer dizer que eles tenham que ser marginalizados ou que tenham que esconder que tem autismo, como fez Daryl Hannah.

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Empresas de tecnologia de informação descobrem potencial dos autistas

Arantxa Iñiguez.
Frankfurt (Alemanha), 16 out (EFE).- As empresas do setor de tecnologia de informação descobriram o enorme potencial de pessoas autistas, como o personagem imortalizado por Dustin Hoffman em "Rain Man" há 25 anos.
O fabricante alemão de software para empresas SAP decidiu em maio empregar nos próximos anos centenas de autistas para formá-las em testes de software e programação, e em setembro começou a seleção na cidade alemã de Walldorf.
A SAP já selecionou oito autistas para serem treinados nos próximos meses e que começarão a trabalhar em janeiro de 2014 na Alemanha.
Os autistas se destacam pela excepcional habilidade de buscar e reconhecer erros porque são pessoas muito perfeccionistas, ligadas em detalhes e podem ficar concentradas durante muitas horas.
Os autistas têm habilidades lógicas e analíticas muito desenvolvidas, assim como seriedade e tolerância zero aos erros.
A SAP quer que até 2020 1% dos 65 mil empregados da companhia sejam autistas, a mesma proporção de autistas em relação à população.
A diretora de Diversidade e Integração da empresa, Anka Wittenberg disse à Agência Efe que começaram em 2011 um projeto similar na Índia, onde trabalharam com autistas e comprovaram que o autismo e a tecnologia de informação se dão bem, especialmente em testes e controles de garantia de qualidade.
"Também nos demos conta que essa medida tem um efeito muito positivo em nossa cultura porque os autistas não entendem o sarcasmo, sempre dizem a verdade e se concentram muito bem em processos que se repetem", acrescentou Wittenberg.
Após o sucesso da experiência na Índia, a empresa decidiu fazer o mesmo na Irlanda em dezembro de 2012 e este ano no Canadá e nos Estados Unidos.
Dustin Hoffman foi o primeiro a falar do mundo dos autistas através do cinema ao protagonizar "Rain Man" em 1988, e, dez anos depois, Miko Hughes interpretou um autista em "Código Para o Inferno".
O autismo é um comportamento, qualificado como transtornos de espectro, que afeta de maneira e grau diferentes cada pessoa e é caracterizado por dificuldades na interação social e nas habilidades de comunicação.
A SAP trabalha com Specialisterne, uma iniciativa dinamarquesa cujo objetivo é integrar no mercado de trabalho um milhão de autistas que não são limitados intelectualmente.
A Specialisterne, fundada por Thorkil Sonne, pai de uma criança autista, oferece consultores em tecnologia da informação que têm um diagnóstico no espectro do autismo ou similares, como autismo, Síndrome de Asperger, TDA, TDAH ou Síndrome de Tourette.
Sonne ganhou o prêmio de empresário social em 2012 no Fórum Econômico de Davos.
Entre os clientes de Specialisterne estão Microsoft, Siemens, a empresa sueca de serviços financeiros Nordea e a empresa dinamarquesa de telecomunicações TDC.
A empresa berlinense Auticon é a primeira na Alemanha a empregar exclusivamente autistas como consultores no setor de tecnologia da informação. EFE

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Tabela demostrativa de deficiência física

Deficiência Física - tipos e definições de deficiência física, referece a alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções. 



Síndrome do X Frágil - Uma Síndrome com Simpatia.

O que é a Síndrome do X Frágil - SXF?

A Síndrome do X Frágil é uma condição de origem genética, considerada a causa mais frequente de comprometimento intelectual herdado. As pessoas afetadas apresentam atraso no desenvolvimento, problemas de comportamento e, eventualmente, características físicas peculiares.
Estima-se que 1 em 2000 homens e 1 em 4000 mulheres sejam afetados pela mutação completa, sendo, na maioria das vezes, os homens mais gravemente afetados do que as mulheres. As características dos portadores da Síndrome do X Frágil vêm sendo observadas há muitos anos em pessoas com atraso de desenvolvimento.
Em 1969 Herbert Lubs, pesquisando uma família onde dois irmãos apresentavam comprometimento intelectual, localizou uma falha (sítio frágil) na região distal do braço longo do cromossomo X destes indivíduos. Nos anos 70, Grant Sutherland estudando a ocorrência do sítio frágil, deu o nome de X frágil a este cromossomo. Foi possível, então, caracterizar o conjunto destes sinais e sintomas e passa a ser usado o nome Síndrome do X Frágil.
Em maio de 1991, três grupos independentes de pesquisadores, na França, Holanda e Austrália, clonam o gene FMR 1. Este é o gene responsável pela Síndrome do X Frágil. Os estudos prosseguem, estando já identificados o X Frágil, nele o gene FMR 1 e a proteína FMRP.
Em 13 de maio de 1997, William Greenough e colaboradores (EUA, Bélgica e Holanda) publicam trabalhos que apontam a proteína FMRP como essencial na maturação das sinapses. A falta da proteína parece apenas atrasar o desenvolvimento dos neurônios, não danificá-los ou destruí-los. Pesquisas atuais investigam caminhos que devem levar a tratamentos mais eficazes e finalmente à cura da Síndrome do X Frágil.

Características Físicas.

Recém-nascidos não apresentam indícios de aparência física que antecipem uma suspeita precoce da SXF. De forma semelhante a outros quadros clínicos, apresentam macrocefalia (perímetro da cabeça maior que o normal) e hipotonia (baixo tônus muscular), podendo esta revelar-se, por exemplo, na falta de força para sugar na mamada.
Pessoas afetadas pela Síndrome do X Frágil gozam de boa saúde e sua aparência pode ser semelhante à de outras pessoas. Algumas características físicas, entretanto, são frequentes e em geral se tornam mais evidentes após a puberdade:
  • face alongada;
  • orelhas grandes e em abano;
  • mandíbula proeminente;
  • macrorquidia (testículos aumentados), principalmente no adulto.
Podem apresentar ainda, ou somente, um ou vários dos traços abaixo:
  • hipotonia muscular;
  • comprometimento do tecido conjuntivo;
  • pés planos (chatos);
  • hiperextensibilidade das articulações;
  • palato alto;
  • peito escavado;
  • prolapso da válvula mitral;
  • prega palmar única;
  • estrabismo;
  • escoliose;
  • calosidade nas mãos (decorrente do hábito de morder as mãos).

Características Intelectuais.

Atraso no desenvolvimento é a característica mais significativa das pessoas afetadas pela Síndrome do X Frágil. O comprometimento intelectual é variável, podendo ir desde uma dificuldade de aprendizagem a um retardo grave. Geralmente é acompanhado de atraso na fala e na capacidade de comunicação.
Cada indivíduo pode apresentar muita desigualdade entre suas habilidades cognitivas. Parece incoerente que tenham bom desempenho no aprendizado de alguns tópicos e dificuldade em conceitos às vezes elementares.
Algumas das suas características podem ser bem aproveitadas:
  • excelente memória;
  • facilidade em identificar logotipos e sinais gráficos;
  • geralmente bom vocabulário;
  • facilidade para cópia;
  • habilidade para leitura;
  • uso de jargões e frases de efeito.
As dificuldades estão principalmente na abstração e na integração das informações:
  • seguem instruções "ao pé da letra";
  • podem dar importância a aspectos irrelevantes;
  • fala fora do contexto;
  • fala repetitiva;
  • ecolalia.
Alguns têm prejuízos muito pequenos, com desempenho praticamente normal. Outros têm comprometimentos moderados, mas com atendimentos especializados chegam a bons resultados sociais e funcionais. Os indivíduos com comprometimento grave sempre precisarão de apoio.

Comportamento da Pessoa com X Frágil.

Pessoas afetadas pela Síndrome do X Frágil geralmente apresentam comportamento diferente da maioria das pessoas. São frequentes as seguintes características:
  • hiperatividade;
  • impulsividade;
  • baixa concentração;
  • ansiedade social;
  • dificuldade em lidar com estímulos sensoriais;
  • imitação;
  • desagrado quando a rotina é alterada;
  • comportamentos repetitivos;
  • irritação e "explosões emocionais"
  • traços de autismo como:
    • agitar as mãos;
    • evitar contato tátil;
    • evitar contato visual.
Nas meninas afetadas estes traços são mais sutis. Nelas a dificuldade de relacionamento social é marcada por timidez acentuada.
Muitas vezes as características comportamentais são os sinais mais sugestivos da necessidade de investigação diagnóstica. Em geral são pessoas dóceis, que cativam os que convivem com elas. É comum encontrar terapeutas e professores que torcem por eles e vibram a cada conquista. A mesma simpatia costumam encontrar entre os funcionários que participam de sua rotina em casa, na escola, no comércio...

Diagnóstico.

As pessoas com a Síndrome do X Frágil, na maioria das vezes, não são identificadas pelas suas características clínicas. Portanto, o teste laboratorial para diagnóstico da síndrome está indicado sempre que a pessoa tiver comprometimento intelectual de causa desconhecida, seja menino ou menina.
O diagnóstico é realizado pelo estudo do DNA para detectar a Síndrome do X Frágil. É feito através de amostra de sangue, analisada em laboratório de genética. Este teste identifica tanto portadores de pré-mutação como de mutação completa.
Exame citogenético (cariótipo) pode diagnosticar a Síndrome do X Frágil mas, tendo em vista a possibilidade de resultado falso negativo neste teste, ele não é definitivo quando o resultado é negativo. Além disto, exames citogenéticos não identificam portadores da pré-mutação. Se o resultado do teste for positivo, deve-se procurar aconselhamento genético.
Quando se sabe que um membro da família é portador da síndrome, os outros familiares devem ser testados. Mulheres que pretendem engravidar devem fazer o teste, se qualquer membro da família apresentar traços característicos do X Frágil. O planejamento familiar precisa considerar os riscos de transmissão do gene alterado. O diagnóstico pré-natal já pode ser realizado. O estudo do DNA das células das vilosidades coriônicas, permite o diagnóstico de fetos portadores da mutação completa no primeiro trimestre de gestação.
Só o diagnóstico conclusivo permite definir estratégias de atendimento mais adequadas para o desenvolvimento dos indivíduos afetados pela Síndrome do X Frágil. Aspectos sociais e de saúde pública são relevantes e confirmam a necessidade de diagnóstico preciso e precoce. Na Síndrome do X Frágil prevenção é o melhor tratamento.

Genética.

Todos os seres humanos são formados por células. No interior destas células há um conjunto de estruturas denominadas cromossomos onde se encontram os genes que definem nossas características. O número de cromossomos presente nas células de uma pessoa é 46 (23 do pai e 23 da mãe), e estes se dispõem em pares, formando 23 pares. Destes, 22 pares são semelhantes em ambos os sexos. O par restante compreende os cromossomos sexuais, de morfologia diferente entre si, que recebem o nome de X e Y. No sexo feminino existem dois cromossomos X (um recebido do pai e outro da mãe) e no masculino existem um cromossomo X e um Y ( X recebido da mãe e Y do pai).
A Síndrome do Cromossomo X Frágil é causada pela mutação do gene denominado FMR 1, localizado no cromossomo X. O cromossomo X apresenta uma falha na porção subterminal de seu braço longo (Xq27.3) quando suas células são cultivadas em condições de deficiência de ácido fólico ou que afetem o metabolismo das bases nitrogenadas necessárias para a síntese do DNA, Esse cromossomo é denominado X frágil - fra(X).
Nem todas as células do afetado mostram o fra(X), o que exige a análise de pelo menos 100 células, após o cultivo dos linfócitos em condições que induzam o aparecimento da falha, para que se possa afastar ou estabelecer o diagnóstico com segurança.
O mecanismo da mutação é a variação do número de cópias de uma repetição instável de trinucleotídeos - CGG (Citosina-Guanina-Guanina), na extremidade 5 do gene FMR 1. A mutação acontece em etapas, ao longo das gerações. Às primeiras dessas etapas dá-se o nome de pré-mutação.
Nos indivíduos normais da população o número de cópias desta sequência de CGG varia de 6 a 50 Na mutação completa o número de repetições é superior a 200, podendo chegar a milhares de trinucleotídeos. Indivíduos com mutação completa são portadores da Síndrome do X Frágil.
Um número intermediário, entre 50 até 200 repetições caracteriza a pré-mutação e esses indivíduos em geral não apresentam sintomas. As estatísticas indicam que 1 em 250 mulheres e 1 em 700 homens são portadores da pré-mutação. A pré-mutação pode passar por várias gerações até que se transforme numa mutação completa e apareça uma criança afetada.
Estudos indicam que o número de repetições de trinucleotídeos tende a aumentar a cada geração, principalmente quando transmitida por uma mulher. Sendo assim,o risco para a prole de mulheres portadoras da pré-mutação é maior a cada geração. Em pessoas afetadas o gene FMR 1 fica inativo, comprometendo a produção da proteína FMRP, cuja função exata ainda está sendo investigada.
Nas mulheres o quadro clínico é, em geral, menos grave provavelmente pela compensação do segundo cromossomo X. A pré-mutação, quando transmitida por uma mulher, pode sofrer modificação, ficando ainda como pré-mutação ou transformando-se numa mutação completa.
O pai portador passa o gene alterado para todas as suas filhas, mas não para os seus filhos. Os homens com a pré-mutação a transmitem para suas filhas com o número de repetições praticamente sem alteração.

Tratamentos.

Atualmente diversos centros de pesquisa investigam as causas e possíveis soluções para a Síndrome do X Frágil:
  • a terapia genética estuda a possibilidade de inserir no cromossomo X um gene perfeito, substituindo o gene FMR 1 alterado;
  • na terapia de reposição, a proteína FMRP viria de uma fonte externa;
  • estudos recentes buscam a possibilidade de reativar o gene FMR 1;
  • a psicofarmacologia focaliza o uso de medicamentos mais específicos para atenuar ou eliminar os sintomas da síndrome.
Terapias especiais e estratégias de ensino podem ajudar as pessoas afetadas a melhorar o seu desempenho, facilitando a conquista da independência que lhe for possível.
As crianças devem ser acompanhadas por neurologista, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e outros profissionais tanto da saúde como da educação. As áreas de atendimento especializado são definidas de acordo com cada indivíduo e devem ser revistas ao longo de seu desenvolvimento.
Educadores e terapeutas devem: minimizar estímulos que não sejam tão importantes naquele momento; dividir as atividades em blocos de acordo com seu tempo de atenção; reduzir a necessidade de contato visual e informar a criança sobre mudanças na sua rotina.
A dificuldade em lidar com estímulos excessivos pode levar a comportamentos inadequados como agitar as mãos, fala repetitiva e irritação, mesmo em situações em que suas habilidades cognitivas são suficientes para um bom desempenho.
O uso do computador tem sido muito eficiente para realizar atividades educativas: tem a vantagem de apresentar inúmeras vezes a atividade desejada, não requer a constante interação com outra pessoa, e possibilita ir além da proposta inicial quando houver interesse.
Pessoas afetadas pela Síndrome do X Frágil tendem a imitar, portanto é imprescindível que se dê um modelo adequado. Eles sentem-se bem quando a rotina é seguida, aproveite e estabeleça uma rotina que lhes traga benefícios. É certo que não podem ser exigidos além de seu potencial, mas temos verificado que este potencial em geral é maior do que imaginávamos.
Texto extraído do site:

domingo, 13 de outubro de 2013

Mãe de dois filhos especiais diz como aprendeu a lidar com o autismo.

13/10/2013 12h23 - Atualizado em 13/10/2013 12h23

'O amor é o principal tratamento', diz



mãe de filhos autistas


Gabriel e Miguel Souza, de 7 e 5 anos, são autistas não-verbais.
Mãe de dois filhos especiais diz como aprendeu a lidar com o autismo.

Do G1 AC
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autistas acre irmãos  (Foto: Reprodução/TV Acre)Gabriel e Miguel foram diagnosticados com autismo clássico e não-verbal (Foto: Reprodução/TV Acre)
Inquietos, alegres e muito curiosos. Os irmãos Miguel, de 5 anos, e Gabriel Souza, 7, foram diagnosticados com autismo clássico e não-verbal, ou seja, eles não falam. Apesar de serem crianças especiais, que requerem maior cuidado e atenção, os pais garantem que têm filhos felizes e que o melhor tratamento para quem possui autismo é o amor.
"O que nunca faltou com nossos filhos foi o amor. A gente acredita que é o melhor tratamento", diz a mãe dos meninos, a funcionária pública Rosy Sousa. Ela confessa que no inicio não foi fácil descobrir que tinha dois filhos autistas. "Foi muito difícil, mas a gente procurou ser pais muito maduros", garante.

"Eles se divertem como qualquer criança. Sentem vontade de passear, de sair, gostam de um parquinho. Nada com muito tumulto, nada muito cheio, mas é uma rotina normal como qualquer criança", diz a mãe.
Atualmente, os pais procuram lidar com a situação de maneira natural. "Quando a gente está em locais públicos, eu percebo que algumas pessoas começam a notar diferença neles. E antes que perguntem eu já digo 'olha, eles são autistas'. Olham com aquela olhar de pena. E a gente diz que é muito tranquilo. Para a gente, está tudo bem", afirma.

Os dois garotos adoram brincar e são muito ativos e inteligentes. Miguel gosta de tecnologia e informática. Acessa jogos, músicas e aplicativos com facilidade em qualquer tablet e celular.  Gabriel têm tendência para ser músico e arrisca algumas músicas no teclado.
Qualquer tipo de interação dos garotos é motivo de comemoração para a família. Para conseguir entrar no mundo particular dos dois  é preciso trabalhar a rotina. A mãe sabe disso, mas, para ela, o que realmente importa é tratar os filhos com amor e carinho.
 "Alguns pais ficam admirados com a forma que a gente trata, mas a gente procura tratar como criança. Eles são especiais porque são crianças e porque tem uma deficiência chamada autismo", conclui.
Colaborou Junia Vasconcelos, da Tv Acre.

Autismo atinge uma a cada 50 crianças, mas ainda é mistério

Autismo atinge uma a cada 50 crianças, mas ainda é mistério 

Observação dos ‘sinais de alarme’ pode ajudar a identificar casos

LITZA MATTOS
Frequente, porém ainda pouco conhecido. Apesar de uma em cada 50 crianças ser portadora de autismo – segundo dados divulgados este ano pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), nos Estados Unidos –, o transtorno ainda ocupa um enorme desafio não só para a comunidade científica, mas para a população em geral. Recentemente, o assunto ganhou repercussão nacional como um dos temas abordados na novela global “Amor à Vida”, cuja personagem autista Linda é interpretada pela atriz Bruna Linzmeyer.
O autismo é, na verdade, um termo utilizado para descrever um grupo de transtornos de desenvolvimento do cérebro, conhecido como “Transtornos do Espectro Autista”, explica a psicóloga Patrícia Batista Leitão. Segundo ela, a probabilidade de incidência nos meninos é quatro vezes maior que nas meninas.
“Há várias formas de manifestação, inclusive com comprometimentos mais leves ou mais severos. Porém, as causas ainda são desconhecidas, apesar de sabermos que são genéticas e ambientais, mas ainda não se sabe exatamente quais os genes envolvidos”, afirma.
Além disso, não existe um exame específico para detectar o autismo, o que dificulta bastante o diagnóstico.
Izabella Ramos, 37, tem dois filhos, Samuel, 7, e Danilo, 5, ambos diagnosticados com o transtorno, após muitas tentativas. “Passamos por diferentes pediatras e neurologistas até conseguir ter o fechamento. Hoje eles fazem acompanhamento com vários profissionais, mas independentemente do método, o mais importante são os três ‘as’: amor, aceitação e afetividade”, ensina a mãe.
Segundo Patrícia, antes mesmo dos 10 meses de vida já é possível observar sinais que podem indicar o transtorno. “A criança que não dorme bem, não gosta de ficar no colo, não olha para os adultos quando brinca, não aponta, merece uma atenção maior”, enumera.
Estímulos. Apesar de não ter cura, o autismo pode ser minimizado a ponto de todos os sintomas sumirem, ou seja, os déficits do portador são compensados – o que os médicos chamam de “perder o diagnóstico de autismo”.