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quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Nas últimas semanas foram vinculadas diversas reportagens acerca da atriz americana Daryl Hannah, que atuou em filmes como Kill Bill. A mesma afirmou em entrevistas que tem autismo e que por causa dele, se afastou da vida em Hollywood e de seu trabalho como atriz.

A atriz afirmou que nunca se sentiu confortável em ser o centro das atenções, que ela sempre se sentiu muito mal com isso, apesar de conseguir, com sucesso, administrar a carreira durante muito tempo. Ela ainda disse que hoje tem conhecimento de coisas que facilitam a sua vida, que vinte anos atrás não tinha.
Daryl Hannah ainda contou que ela nunca disse que tinha autismo para as pessoas e produtores em Hollywood, isso porque, temia que não fosse escolhida para fazer comerciais, programas de TV ou filmes.
As declarações da atriz reacendem uma discussão: o quanto nossa sociedade está, ou não, preparada e adaptada para lidar com as pessoas diagnosticadas com Transtorno de Espectro Autista? O quanto nossa ignorância acerca do transtorno dificulta uma tentativa de ter uma vida “normal” para os autistas?
Levando em consideração o que foi dito por Daryl Hannah, a nossa sociedade como um todo, ainda dificulta, e muito, a vida das pessoas com autismo. E isso pode ser observado em nosso dia-a-dia, quando as escolas regulares não estão preparadas para receber uma criança com o transtorno, por exemplo.
E mais, quando os pais encontram profissionais de saúde despreparados na hora de cuidarem de seus filhos. Quando falta política pública para assistir as famílias que não tem condições de pagar por tratamento, quando pouco se fala sobre o transtorno, pois só a informação pode tirar as pessoas da ignorância a cerca do mesmo.
Ao olharmos a história de Hannah, podemos constatar que os autistas são capazes de fazer as mesmas coisas que qualquer outra pessoa que não tem o transtorno, apenas de forma diferente. Pois, se ela conseguiu manter uma carreira de sucesso em Hollywood, mesmo com todas as adversidades, por mais de vinte anos, imagina quando tivermos uma sociedade mais justa, no sentido de mais adaptada aos autistas, o que eles não poderão fazer?
Penso, e gostaria que todo mundo pensasse assim também, que não é o autista que tem que se adaptar ao mundo, e sim, o mundo que tem que se adaptar ao autista e isso é inclusão. Como os autistas, existe no mundo uma diversidade de modos diferentes de existir e de enxergar o mundo, e não podemos nos fixar naquilo que foi convencional dizer que era o “normal”.
Já está mais do que provado que por mais que uma pessoa seja diagnosticada com o Transtorno de Espectro Autista isso não quer dizer que ela não será capaz de ter uma boa vida. Para alguns autistas isso requer uma pouco mais de trabalho, mas não quer dizer que eles tenham que ser marginalizados ou que tenham que esconder que tem autismo, como fez Daryl Hannah.

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